Foto: Serra d' Opa

Esta gazetilha regional é uma
homenagem modesta à
«Gazeta do Sabugal» (1926/28),
criada pelo casteleirense e ocelense
Dr. Joaquim Mendes Guerra.

As Beiras vistas do alto da Serra d' Opa!


sábado, 7 de dezembro de 2013

Lendas da Serra d' Opa





Na encosta,  o castro a que chamaram «Sortelha-a-Velha»


Não há ninguém na Moita, Terreiro das Bruxas, Casteleiro, Vale da Senhora da Póvoa ou mesmo em Santo Estêvão e até em Sortelha que não conheça estas e muitas outras lendas que se contavam dantes sobre os mistérios que encerra a Serra d' Opa.
Esta serra é um mito dos nossos tempos de criança aqui em todas as aldeias das redondezas.
Não se pode perder esse fetiche. Há que recuperar esse património imaterial e divulgá-lo, para que os mais jovens nunca esqueçam a beleza e a atracção das nossas terras - esta é também uma forma de combater a desertificação ameaçadora e fatal.

Sempre ouvi falar de mouras encantadas e outras estórias populares com piada.

Hoje trago aqui algumas que há uns tempos publiquei e referi no 'Capeia' - e prometo que vão aparecer aqui muitas mais.

Algumas lendas


Mula de ouro
As lendas populares falam muito de ouro, moedas de ouro, potes de ouro.
Pois para a Serra d’ Opa também se arranjou no Casteleiro uma história que mete ouro.
Reza assim:
«No alto da Serra d’ Opa, há um haver: uma mula de ouro com selim, freio e tudo. E quem a há-de encontrar é rabo de ovelha ou ponta de relha».
Eu explico.
A mula tem os arreios todos: até selim e freio, portanto está completa e é muito valiosa.
E está ali mesmo à superfície. Reparem: quem a há-de encontrar é rabo de ovelha (ou seja: não é preciso arranhar muito o solo) ou ponta de relha (a relha é a parte do arado que rasga a terra – mas a relha não vai muito fundo, anda mais à superfície).
Portanto esta mula de ouro está mesmo ali à mão de semear…
É só ir buscá-la.
Mouras de tranças de ouro
Por seu turno, Lopes Dias, que era do Vale, conta a história das mouras encantadas que vivem lá no alto da Serra. Mas esta lenda não mete lençóis e sim tranças de ouro… Mais uma vez e sempre o ouro.
Ouro que, se bem se lembram, o Rei mandou procurar no Casteleiro em 1723: mandou explorar as terras para ver se de facto ali havia ouro ou não. Recordo que, mesmo não havendo tanto ouro assim, a verdade é que não falta lá, nas duas encostas da Serra, volfrâmio, estanho e quejandos minérios bem conhecidos, que na Segunda Guerra deram muito dinheiro a muitas famílias da zona.
Retomo Lopes Dias.
Destas mouras, conta ele que «no sitio da Penha, no cimo da Serra d’Opa (Vale de Lobo) lá vivem elas, lindas entre as mais lindas, escondidas entre enormes penedias, para uma só vez em cada ano — di-lo o povo — na noite de São João, saírem a estender preciosas meadas de ouro que guardam e que só entregarão a quem, naquela noite, à meia noite, apanhar a semente do feto real».
Mas ninguém se atreve.
«E por isso, lá entre penhascos, junto de enormes penedias, continuam encantadas, lindas, muito lindas mouras, de tranças de ouro, a guardar, pelos séculos dos séculos, grandes, enormes riquezas».
Consultar o Dr. Jaime Lopes Dias, aqui.
Grutas misteriosas e barulhos telúricos
Nem só de histórias vive o mito da Serra d’Opa: os visitantes falam também de minas, grutas profundas, buracos enormes pela rocha abaixo até às profundezas.
Num dos casos, contam-me até que lançavam uma pedra pelo buraco abaixo e que a mesma demorava muuuuito tempo a bater lá em baixo ou nem mesmo se ouvia a tocar no fundo. Sinal de que o buraco não tem fim.
Mais: ouve-se sempre lá no fundo um barulho parecido com o marulhar das ondas do mar. Até há quem diga que ali passa um braço de mar…

1 comentário:

  1. Eram estórias destas e outras, que me contavam a mim ao serão e me deliciavam!
    É bom recordá-las e dá-las a conhecer aos mais jovens!

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